Subsecretário investigado no caso da morte de ex-delegado Ruy Ferraz Fontes pede exoneração
Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes Sandro Pardini, um dos investigados pela Polícia Civil após a execução do ex-delegado...

Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes Sandro Pardini, um dos investigados pela Polícia Civil após a execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, pediu exoneração do cargo de subsecretário de Gestão e Tecnologia da Prefeitura de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Segundo apurado pelo g1, ele estava entre os cinco funcionários da administração municipal que foram alvos de mandados de busca e apreensão. O objetivo da operação, realizada no dia 29 de setembro, foi recolher evidências sobre eventuais irregularidades em contratos com a prefeitura, onde Ruy Ferraz Fontes era secretário de Administração. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Com Sandro Pardini, os policiais apreenderam um computador, dois notebooks, dois pen drives, um celular, três pistolas, 19 cartões bancários, três registros de armas de fogo, um registro de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC) e grande quantia de dinheiro, sendo R$ 50 mil, U$ 10.300 e € 1.135 em um apartamento no bairro Embaré, em Santos (SP). Defesa Por meio de nota, os advogados Octavio Rolim e Patrícia de Britto, que representam a defesa de Sandro Pardini, confirmaram que o cliente protocolou o pedido de exoneração do cargo que ocupava junto à Prefeitura de Praia Grande. "A decisão foi tomada de forma ponderada e responsável, com o propósito exclusivo de direcionar todos os seus esforços ao pleno esclarecimento dos fatos que, por ora, envolvem seu nome, bem como dedicar-se integralmente ao cuidado e amparo de sua família neste delicado momento", afirmou a defesa, em nota. Sandro Pardini (à esq.) foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão relacionados à execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes Redes sociais e Prefeitura de Praia Grande Os profissionais destacaram que o cliente não possui qualquer envolvimento, direto ou indireto, com a execução do ex-delegado. Por este motivo, os advogados garantiram que Sandro Pardini está à disposição das autoridades competentes. "Sandro atuará sempre de forma ativa, transparente e diligente para que a conclusão da apuração dos fatos ocorra com a máxima brevidade possível, retomando sua trajetória profissional, construída com dedicação e seriedade ao longo de anos de trabalho e restabelecendo a tranquilidade de sua vida pessoal e de seus familiares", finalizaram os advogados. O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Praia Grande sobre o pedido de exoneração, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. Funcionários públicos Além de Sandro, os outros quatro alvos também atuam na administração municipal de Praia Grande. Eles foram alvos de mandados de busca e apreensão. São eles: um agente de fiscalização na Secretaria de Urbanismo um trabalhador na Secretaria de Administração um engenheiro na Secretaria de Planejamento uma diretora de departamento na Secretaria de Planejamento De acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura de Praia Grande, os salários brutos dos funcionários alvos dos mandados variam de R$ 3.127,84 e R$ 21.557,83. Confira: Sandro Rogerio Pardini: R$ 21.557,83 Diretora de departamento: R$ 15.626,37 Engenheiro: R$ 14.632,79 Trabalhador: R$ 3.127,84 Agente de fiscalização: R$ 14.555,57 Ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi assassinado enquanto ocupava cargo de secretário de Administração de Praia Grande Reprodução e Prefeitura de Praia Grande Foragidos e presos Ruy foi morto no dia 15 de setembro, após cumprir expediente como secretário de Administração. Dahesly Oliveira Pires, Luiz Henrique Santos Batista (Fofão), Rafael Marcell Dias Simões (Jaguar) e Willian Silva Marques foram presos sob suspeita de participação no homicídio. Umberto Alberto Gomes, identificado como possível atirador, foi morto após entrar em confronto com equipes da Polícia Civil nesta terça-feira (30) no Paraná. Outros três investigados já foram identificados e estão foragidos: Felipe Avelino da Silva, Flávio Henrique Ferreira de Souza, Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (saiba quem são adiante). Quem são os suspeitos Na parte de cima, os foragidos Luis Antonio Rodrigues de Miranda, Felipe Avelino da Silva e Flávio Henrique Ferreira de Souza. Na parte de baixo, os presos Rafael Marcell Dias Simões, Dahesly Oliveira Pires e Luiz Henrique Santos Batista Polícia Civil/Divulgação Felipe Avelino da Silva (foragido), conhecido no Primeiro Comando da Capital (PCC) como Mascherano, de 33 anos, teve o DNA encontrado em um dos carros usados no crime. Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (foragido), de 43 anos, é procurado por suspeita de ter ordenado que uma mulher fosse buscar um dos fuzis usados no crime. Flávio Henrique Ferreira de Souza (foragido), de 24 anos, também teve o DNA encontrado em um dos carros. Willian Silva Marques (preso), de 36 anos, é proprietário da casa apontada como base dos criminosos em Praia Grande. Dahesly Oliveira Pires (presa), de 25 anos, foi detida na quinta-feira (18) por suspeita de ser a mulher que foi buscar o fuzil usado no crime na Baixada Santista. Luiz Henrique Santos Batista (preso), conhecido como Fofão, de 38 anos, foi preso na sexta-feira (19) em São Vicente (SP), por ser suspeito de participar da logística da execução de Ruy Ferraz Fontes. Rafael Marcell Dias Simões (preso), conhecido como Jaguar, de 42 anos, foi preso na madrugada de sábado (20) após se entregar no DP Sede de São Vicente, por ser suspeito de participar do assassinato. Umberto Alberto Gomes (foragido), 39 anos, teve o DNA encontrado na casa que teria sido usada pelos criminosos em Mongaguá. Crime Cronologia da execução: ação contra ex-delegado durou menos de 40 segundos O assassinato de Ruy Ferraz Fontes ocorreu momentos após ele cumprir expediente na Prefeitura de Praia Grande como secretário de Administração. Ele estava aposentado da Polícia Civil. Câmeras flagraram o momento em que três criminosos portando fuzis desembarcam de uma caminhonete, que estava logo atrás do carro de Ruy Ferraz, e atiram contra o ex-delegado (veja abaixo a cronologia do crime). Infográfico: criminosos fazem tocaia antes de iniciar ataque e perseguição ao delegado Arte/g1 Quem era Ruy Ferraz Fontes Ruy Fontes foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022 e atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil. Teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC). Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Fontes comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). Foi justamente no Deic, no início dos anos 2000, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, que ele iniciou investigações sobre o PCC, sendo responsável por prender lideranças da facção e mapear sua estrutura criminosa. Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes Sua atuação foi decisiva durante os ataques de maio de 2006, quando o PCC promoveu uma série de ações violentas contra forças de segurança em São Paulo. Entre 2019 e 2022, comandou a Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Nesse período, liderou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, medida considerada estratégica para enfraquecer o poder da facção dentro das cadeias. Ruy Fontes participou de cursos no Brasil, na França e no Canadá, e também foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal. Ele estava aposentado da Polícia Civil. Em janeiro de 2023, assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até agora, quando foi assassinado. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos