cover
Tocando Agora:

Organização Social Albert Einstein afasta três ginecologistas de hospital flagradas em compras e pilates no horário de trabalho

Médicas do hospital Heliópolis não cumprem jornada de trabalho A Organização Social Albert Einstein, que administra o Hospital Heliópolis, na Zona Sul de ...

Organização Social Albert Einstein afasta três ginecologistas de hospital flagradas em compras e pilates no horário de trabalho
Organização Social Albert Einstein afasta três ginecologistas de hospital flagradas em compras e pilates no horário de trabalho (Foto: Reprodução)

Médicas do hospital Heliópolis não cumprem jornada de trabalho A Organização Social Albert Einstein, que administra o Hospital Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, afastou nesta quinta-feira (4) as três médicas ginecologistas flagradas descumprindo o horário de trabalho. A denúncia foi feita na quarta-feira (3) pelo SP2. Segundo equipes da Secretaria Estadual da Saúde e da Organização Social Einstein, atual administradora do hospital, as irregularidades no cumprimento da jornada foram debatidas ao longo de toda a tarde. Em nota, a organização social informou que as médicas Márcia Kamilos, Mara Gomes e Silmara Fialho serão afastadas até a conclusão do processo de investigação. Afirmou ainda que, por serem servidoras públicas, outras ações disciplinares podem ser tomadas pela Secretaria Estadual da Saúde ao longo do processo que apura a conduta das ginecologistas. A direção do hospital informou que, a partir desta sexta-feira (5), pacientes com consultas já agendadas serão atendidas por novos médicos, que serão remanejados para ocupar as vagas das que foram afastadas. A expectativa é realizar 300 atendimentos ginecológicos em dezembro, o dobro do total do mês passado. Em nota, a secretaria informou que, assim que tomou conhecimento das denúncias, solicitou o imediato afastamento das médicas envolvidas. Também repudiou qualquer conduta incompatível com a ética profissional. A pasta reforçou que a população deve denunciar à secretaria e aos conselhos casos em que o serviço público não funciona, como falta de médicos ou dificuldade para marcar consultas. Denúncia Três ginecologistas que trabalham no Ambulatório de Especialidades do Complexo Hospitalar Heliópolis, mais conhecido como Hospital Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, foram flagradas pelo SP2 fazendo compras e aulas de pilates nos horários em que deveriam estar atendendo pacientes. TV Globo As três médicas ginecologistas que trabalham no Ambulatório de Especialidades do Complexo Hospitalar Heliópolis, mais conhecido como Hospital Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, foram flagradas pelo SP2 fazendo compras e aulas de pilates nos horários em que deveriam estar atendendo pacientes. A TV Globo constatou que uma escala fixada na recepção do ambulatório mostra que as médicas Márcia Kamilos, Silmara Fialho e Mara Gomes fazem parte do quadro de profissionais na área de ginecologia. Porém, pacientes reclamam da dificuldade de agendar consultas há meses. É o caso da cozinheira Rita de Cássia, que diz que não consegue agendar atendimento com ginecologista há mais de seis meses. Em todas as tentativas, a resposta é sempre a mesma: “Ah, moça, não está tendo vaga para ginecologista. A gente está sem. A gente está sem médico, na verdade, né?” Além de Rita, a irmã dela também tenta consulta há meses. “A gente vai marcar e não tem. É difícil. A gente se sente humilhada. Você contribui, trabalha a vida inteira, contribui com seus impostos. Se o SUS existe, agradeça a gente porque é pago os impostos, e quando a gente precisa tudo é negado”, ressaltou. A TV Globo apurou que a médica Márcia Kamilos não vai ao hospital há um ano. E o motivo do afastamento é um atestado médico de 365 dias, desde dezembro de 2024. A publicação no Diário Oficial mostra que a médica foi afastada por “capacidade laborativa prejudicada”, que significa que a saúde de uma pessoa foi afetada a ponto de impedir ou dificultar o desempenho de suas atividades profissionais. Mas ao ligar para uma clínica particular no bairro dos Jardins foi possível marcar consulta com ela. Repórter: "Eu gostaria de marcar uma avaliação com a doutora." Atendente: "Por enquanto, eu só vou ter horário com a doutora dia 17 de dezembro." Repórter: "E no dia 17 ela tem que horas?" Atendente: "Eu ainda tenho agenda, 8, 9 e 10." Márcia Kamilos também participou de congressos. Em maio, como ela mesma contou nas redes sociais, deu aulas na capital. Em setembro, palestrou três dias em Goiânia. E em outubro estava no Instituto Paulo Guimarães, em Brasília. Já a médica Silmara Fialho tem uma escala de trabalho às segundas-feiras, das 7h às 15h, e às quartas-feiras, das 7h às 14h. A reportagem acompanhou a rotina dela no último mês e verificou que no dia 17 de novembro, uma segunda-feira, ela bateu o ponto às 7h38. Com um celular, a TV Globo também registrou a médica entre os atendimentos. Às 13h, duas horas oficialmente antes de encerrar o trabalho, Silmara foi embora e não voltou para bater o ponto de saída. No dia 19, quarta-feira, Silmara chegou com uma hora e meia de atraso. Atendeu pacientes até 12h30 e foi embora. A equipe de reportagem ainda encontrou Silmara fazendo compras na zona cerealista de São Paulo, no Centro. num momento em que deveria estar cumprindo jornada de trabalho. Ela tinha pelo menos mais uma hora e meia para trabalhar no Hospital Heliópolis. Já nos dias 24 e 26 de novembro, Silmara Fialho não foi trabalhar. Por telefone, ouvimos: “Essa semana ela não vai atender”. Já em relação à médica Mara Gomes, sua escala de trabalho indica jornadas de 10 horas às segundas e quartas e de seis horas às sextas. Não é o que ocorreu na quarta, 19 de novembro. A TV Globo verificou que às 12h10 ela voltava para o ambulatório depois de um período de três horas fora do hospital. Ela saiu, fez aula de pilates, almoçou e retornou. O horário de entrada dela foi às 7h, mas, desse período todo, até que ela fosse para a aula, não atendeu ninguém. À tarde, a médica atendeu no consultório 5 do ambulatório. Na segunda, 24 de novembro, ela bateu o ponto e saiu para fazer pilates na cidade vizinha, em São Caetano. A ginecologista foi flagrada na aula às 9h, quando deveria estar no hospital. À tarde, ela voltou e atendeu pacientes. De acordo com o Portal da Transparência do Estado de São Paulo, de janeiro a outubro de 2025, as médicas Márcia Kamilos, Mara Gomes e Silmara Fialho receberam salários que somam mais de R$ 210 mil. O que dizem as profissionais A médica Márcia Kamilos disse que a administração do hospital tem total ciência do afastamento dela e da documentação apresentada. A repórter Fernanda Elnour telefonou cinco vezes para Silmara Fialho e Mara Gomes, mas elas não atenderam. Também foram enviadas mensagens de texto por um aplicativo. A repórter se apresentou como jornalista da TV Globo e deixou telefones e e-mails da redação à disposição, mas as duas não responderam até a última atualização desta reportagem. Três ginecologistas foram flagradas pelo SP2 fazendo compras e aulas de pilates nos horários em que deveriam estar atendendo pacientes. TV Globo SP2 acompanhou por um mês a rotina das médicas, que foram vistas em compras e aulas de pilates no horário de atendimento TV Globo Hospital Heliópolis TV Globo

Fale Conosco