cover
Tocando Agora:

Laudos que vão indicar se metanol é vegetal ou mineral devem sair já na próxima semana, diz diretor de órgão da PF

Laudos da PF que vão indicar se metanol é vegetal ou mineral devem sair na próxima semana, diz Instituto Nacional de Criminalística Os primeiros resultados ...

Laudos que vão indicar se metanol é vegetal ou mineral devem sair já na próxima semana, diz diretor de órgão da PF
Laudos que vão indicar se metanol é vegetal ou mineral devem sair já na próxima semana, diz diretor de órgão da PF (Foto: Reprodução)

Laudos da PF que vão indicar se metanol é vegetal ou mineral devem sair na próxima semana, diz Instituto Nacional de Criminalística Os primeiros resultados dos laudos da Polícia Federal (PF) sobre casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas devem sair já na próxima semana, informou Carlos Eduardo Palhares Machado, diretor do Instituto Nacional de Criminalística, em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (3). “Primeiro a gente tem que receber os materiais. A Polícia Federal tem trabalhado nesse primeiro momento em parceria com vários organismos. Os exames serão realizados prontamente, e os resultados tendem a sair em questão de dias. A gente espera que, na semana que vem, já tenhamos alguns resultados”, afirmou. 🔎 O resultado dos exames por si só não será suficiente para resolver o caso, mas vai ser um instrumento para nortear e focar o rumo das investigações. De acordo com Palhares, os testes utilizam a chamada análise isotópica, capaz de identificar se o metanol presente em uma bebida é de origem: vegetal - produzido naturalmente durante a fermentação e destilação ou mineral - originário da indústria de combustíveis, por exemplo No caso das bebidas destiladas, como cachaça, uísque ou vodca, o metanol pode surgir em pequenas quantidades durante o processo de produção. Por isso, fabricantes tradicionais descartam a primeira e a última partes da destilação justamente por concentrar resíduos tóxicos. Esse tipo de metanol é chamado de vegetal. O mineral é aquele obtido em processos industriais, como no refino de combustíveis. Ele pode contaminar uma bebida de forma proposital, quando usado para aumentar artificialmente o teor alcoólico, ou acidental, por meio de produtos químicos de limpeza ou derivados de combustível. “Se for um metanol residual, conseguimos identificar que ele veio da fermentação da cana, de cereais ou de frutas usadas na fabricação da bebida. Já se for mineral, conseguimos apontar que a origem está em produtos industriais ou de combustível. São situações completamente diferentes”, explicou o diretor. Metanol usado em higienização de garrafas A Polícia Civil de São Paulo investiga se o metanol foi usado na higienização de garrafas de bebida em meio aos casos de intoxicação por metanol registrados nos últimos dias. Esta é a principal linha de investigação das autoridades. Segundo fontes ouvidas pela TV Globo, fábricas clandestinas estariam usando metanol — ou etanol batizado com metanol — para limpar e desinfectar garrafas — possivelmente vazias e falsificadas — antes do envasamento das bebidas. As investigações tiveram início a partir da rota percorrida pelas bebidas consumidas pelas vítimas. A polícia esteve em bares onde ocorreram os primeiros casos de intoxicação, depois seguiu até as distribuidoras que abasteciam esses estabelecimentos e, na sequência, chegou até fábricas clandestinas. Até o momento, não há informações sobre os responsáveis pelo possível esquema nem a origem do metanol, que não está disponível no Brasil. 🔎 O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos. O Brasil vem registrando aumento no número de casos de intoxicação por metanol misturado a bebidas alcoólicas adulteradas. Também há registro de mortes (leia mais abaixo). LEIA TAMBÉM: Suspensão de venda de destilados, mais cerveja e mesas vazias: bares de SP relatam impacto após casos de intoxicação por metanol Antídoto contra metanol: governo de SP envia 2 mil ampolas para hospitais de referência Técnica de adulteração de destilados com metanol é mais difícil de ser aplicada a cervejas, explica ministro da Saúde Fiscalização interditou bares na capital. Pablo Jacob/Governo de São Paulo Nesta sexta-feira (3), o Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo anunciou a criação de uma força-tarefa para analisar as garrafas apreendidas durante fiscalizações para apurar a adulteração e contaminação por metanol. Mais de mil garrafas já foram recolhidas pela polícia e Vigilância Sanitária até a noite de quinta-feira (2). Deste total, cerca de 250 chegaram ao IC e estão passando por análise. O diretor do Núcleo de Química do Instituto de Criminalística, Mauro Renault, explicou à GloboNews que o processo é dividido em duas etapas: Documentoscopia: as garrafas passam por uma análise inicial no setor de documentoscopia, que verifica a autenticidade do produto. Nessa etapa, peritos conferem selo, rótulo, lacre e vedação — tudo o que pode indicar adulteração ou falsificação do padrão. Essa verificação é feita tanto a olho nu quanto com o auxílio de equipamentos, como lentes especiais; Núcleo de Química: em seguida, o material segue para o Núcleo de Química. Ali, as embalagens passam por uma nova verificação e o líquido é colocado em frascos e inserido em centrífugas. Os dados extraídos são processados em programas que identificam todas as substâncias presentes, suas concentrações e se estão dentro dos limites permitidos. Segundo o IC, todas as garrafas já passaram pela análise de documentoscopia. No exame químico, a cada duas horas sai o resultado de uma amostra. Até agora, das dez garrafas analisadas, duas testaram positivo para metanol. "Os laudos são remetidos para a Polícia Civil, que segue com apurações minuciosas para esclarecer os casos de falsificação de bebidas", informou a Secretaria da Segurança Pública em nota. O que é o metanol e por que ele oferece risco à saúde Diferentemente do etanol — que está presente nas bebidas alcoólicas comuns —, o metanol não é seguro para consumo humano. Sem cheiro, cor ou sabor característicos, pode ser misturado ilegalmente a bebidas sem que o consumidor perceba. Quando ingerido, o organismo o processa o metanol no fígado, onde se transforma em substâncias altamente tóxicas, como o ácido fórmico. Os efeitos aparecem rapidamente: visão borrada, tontura, dor abdominal, respiração acelerada e, em casos mais graves, cegueira irreversível, falência de órgãos e morte. A gravidade depende da quantidade ingerida e da rapidez do atendimento médico, já que o tratamento é considerado uma corrida contra o tempo. Na última semana, diferentes estados registraram suspeitas de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. Diante do aumento de ocorrências, o Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação nacional para coordenar as ações com Anvisa, vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, além de órgãos como Ministério da Justiça e Ministério da Agricultura. Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano. Arte/g1